Coração
artificial brasileiro deve ser testado em dois meses.
Edição: Andréa Quintiere
Bruno
Bocchini
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Corações artificiais desenvolvidos no Brasil devem
começar a ser testados em seres humanos dentro de dois meses. Pacientes da fila
de espera do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo , serão os
primeiros a receber o equipamento, que estabiliza a função cardiológica do
doente e possibilita a sobrevida até o transplante do órgão. O aparelho é
indicado para pacientes que não respondem mais ao tratamento clínico.
O desenvolvimento do coração artificial - produzido para ser
colocado dentro do paciente, atuando em auxílio ao coração - teve início em
1998 e foi idealizado por Aron José Pazin de Andrade, coordenador do Centro de
Engenharia em
Assistência Circulatória do Instituto Dante Pazzanese, onde o
dispositivo foi construído.
“O aparelho pode ajudar os dois ventrículos e a situação do
paciente não piora mais porque ele reestabelece a boa circulação sanguínea e
descarrega o trabalho cardíaco. Então o paciente pode suportar o tempo que for
necessário dessa forma, não tem limite de tempo”, diz Andrade. Há pacientes com
dispositivos similares colocados há cerca de seis anos.
A partir dos bons resultados obtidos com o uso do aparelho em animais
desde 2004, os pesquisadores do projeto pediram autorização para o Conselho
Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e para a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) para testá-lo em humanos. De acordo com Andrade, os testes deverão
ser feitos em dez pacientes, durante um período de um a dois meses. O tempo de
testes poderá chegar a 20 meses. Os pacientes escolhidos devem pesar entre 45
quilos e 90 quilos.
“O paciente tem de estar em fila de espera do transplante, com o
coração dele bem debilitado, não respondendo mais às drogas que são ministradas
para consertar a situação. Se não responde mais ao tratamento clínico, então
ele é indicado para um transplante."
O coração artificial, que agrega alta tecnologia e está sendo
construído de forma quase artesanal em um laboratório especializado no Dante
Pazzanese, deverá custar de R$ 60 mil a R$ 100 mil. “Aqui no Brasil, o custo do
investimento já foi pago com dinheiro público, arrecadação. O que nós vamos
cobrar é a despesa de produção do aparelho, e o SUS [Sistema Único de Saúde]
consegue, nesses valores bem menores, sustentar a aplicação do aparelho”,
destaca Andrade. No exterior, um aparelho similar custa em torna de US$ 200 mil
e sua aplicação depende do treinamento de uma equipe médica para colocar o
aparelho.
No estado de São Paulo, segundo dados da Secretaria de Saúde, 99
pacientes estão na fila de espera de transplante, 32 apenas na cidade de São
Paulo.
O aparelho foi desenvolvido com apoio do Hospital do Coração, do
Ministério da Saúde, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Edição: Andréa Quintiere
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